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sexta-feira, 6 de abril de 2007
 

Renasceduto




Vivemos a era da violência.


Tudo é força bruta,
a era em que nada se lapida,
mas deforma.


Somos corpos esquisitos
que infartam a cidade,
e se cansam,
e não descansam
- recarregam.


Meio-dia sob hipnose
entre cercas & propaganda
(de seios intocados,
esperança e alguma punheta);
meia-noite desligado.


Entre eles, promoção de
medo
e rancor
pra todo mundo.


Pela manhã de pé
no ônibus,
abrindo a massa no cotovelo,
durante o dia correndo
no emprego
de joelhos pro empregador
ou nem isso.


E antes de voltar pra casa ainda
(ou mesmo já no aconchego do lar)
a disputa com o ladrão
pra saber quem é mais esperto
- já que o protegido é ele, sempre -
seja paisano, fardado
ou político.


Somos o que temos
e o que não temos
nos açoita
no horário nobre:
é preciso trabalhar mais
roubar mais
passar no concurso ou
conhecer alguém na prefeitura.


Viver?
Artigo de luxo. A cidade é o caos, as férias
também,
e ainda assim
só pra quem tem.
Viver mesmo não vivemos, esperamos
enquanto nos esprememos na inútil luta
por espaços:
o físico, o status...













...já desconhecemos o silêncio.


E lutamos
contra o que quer que apareça
na hora da pancadaria.
Somos crianças cruéis
destravando traumas
no músculo
até o amor virar túmulo e tumulto.


Animais cevados à ração diária
de delírio, de pornografia,
de razão.



Vivemos a era da violência.



Na cintura
à toa
na cabeça
à toa
na pessoa
à toa;
besta com rédeas
no cérebro
(o domínio está completo).


De gostos mesmos,
choros mesmos, mesmos
ódios, cicatrizes mesmas
nas costas,
milimétricas
como o corte do açougueiro.



Vividores de vida outra
noutra vida de vitrine.



– Bombas na televisão, vírus – no ar,
mais real que cinema.


Entre asfalto e pneu o crânio,
despedaçando-se,
esmagado em câmera lenta,
ao vivo
- náusea e pânico.


A cabeça
e o zunido nos ouvidos dor
de toneladas.




Esta é a era da violência.





Ninguém vai restar intacto.



























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