apartamento902

!!! domicílio de poemas do TRELLES ¡¡¡









quarta-feira, 29 de novembro de 2006
 

Dezesseis




Não fosse a música
em meus ouvidos.
Não fosse a palavra
e tudo o que ela impera.

Não fosse o verão
e tua espera ao avesso.
Não fosse noite não dormida
tudo que me entorpece.

Não fossem os poros
e tua presença viciada.
Não fossem os dados e as mãos
tateando em outros corpos teus seios.

Não fosse suburbano
o coração, e manco.
Não fosse tudo o que não é
e improbabilidades, intempéries.

E ainda assim tua pele
e meus pelos.
E assim mesmo sem poder ser
tudo me aflige e permanece.

Tudo assim sem meio,
pela metade.
























sexta-feira, 24 de novembro de 2006
 

Matriz




Semiose
no Recife Antigo
As paredes pixadas,
os prédios,
o calçamento das ruas,
os desenhos nas calçadas,
as guias de liós,
as cúpulas, as cores,
os cartazes, o cais,
os navios,
a música que percute
as pedras,
o burburinho,
as roupas que despem
as pessoas,
os mendigos, os menores,
os maiores,
tudo,
tudo o que é feito,
é feito
de conceitos




























sábado, 18 de novembro de 2006
 

Itemia



Tudo já foi escrito dito ou feito
e continua nascendo
Poesia como Pollock
Experiências químicas
com duendes
Romances e luxúria
Espirrados em dança
Meu coração vomita
Mais concreto que cimento
A tua utopia
Através de mim os signos
instaurem
Venta forte em meu quarto absurdo
Poesia inservível pra citações
Será que eu sou um picareta?
Led no aparelho de som
Se colar, colou
Arte pra cooptar ets
Eu e minhas costeletas
A nossa memória a gente inventa
O cheiro mal me seguia
Li Górki
Antártida altar
Anartria






















quarta-feira, 15 de novembro de 2006
 

Cinqüenta




Preocupado apenas em fazer

voar, o estranho

som que vem de mim.


O mundo não tem solução.

O que não tem solução já está resolvido.


























segunda-feira, 13 de novembro de 2006
 

Filosofia de vida




Quem fuma
e não traga

estraga
o fumo

























sexta-feira, 10 de novembro de 2006
 

Pirataria




Pagar imposto pra quê?

Pra ter grade na janela da sala
e viver com medo?

Pra ter real e meio
por hora trabalhada?

Pra ver a clepto, pra ter a burro-
cracia institucionalizada?


Pagar imposto pra quê?

Pra ter qual posto de saúde?

Pra ter qual previdência?

Pra ter qual esgoto?


Pagar imposto pra quê?

Pra não ter escola
nem diversão decente?

Pra não ter direito
a nada?


Pagar imposto pra quem?

Pirata
é quem,
.............cara-pálida?






















sábado, 4 de novembro de 2006
 

Ultimaria




Eu já sei bastante
de pó, pedra
fumo, doce
- eu já sei bastante
e nunca o suficiente

Mas nada é tão forte
e angustiante
quanto você ausente
- você, amor de carne
e instante,
você

























quinta-feira, 2 de novembro de 2006
 

Impossível




humanos
pobres humanos
cansados de sua carne
da gravidade, do tempo
da morte
assustados
com os outros humanos
tão cansados quanto

(entretanto
- impressionante! impossível! -
quando cantam e dançam
tudo faz sentido)



























TRELLES © 2005-2007 André Telles do Rosário


outras páginas-casas que valem sua visita:

Pulverizar a Cultura até a Arte em cada um

Camiles

Garotas que dizem Ni - Fla Wonka

Instantemente

Interpoética

Lugares Comuns

Mercúrio e Luxúria

Quadro Mágico

Rizoma

Verso em branco

arquivos

200511   200601   200602   200603   200604   200605   200607   200608   200609   200610   200611   200612   200701   200702   200703   200704   200705   200706   200707   200708  





online college search

This page is powered by Blogger. Isn't yours?