apartamento902
!!! domicílio de poemas do TRELLES ¡¡¡
sábado, 12 de novembro de 2005
Tabaco
Noite de outono, sexta-feira, São Paulo.
Despeço-me de meu Real
numa padaria de esquina. Um maço.
Na varanda do oitavo andar a cidade
é sonho de delírio passado. Teto baixo, nuvens
escuras e garoa fina. No chão os anúncios,
fios, postes, lâmpadas, faróis, frenéticos.
Enquanto consideramos sobre a vida
eu mais meu comparsa. Titia Jagger
faz suas simpatias pelo estéreo.
13 cigarros.
Rasgamos cuidadosamente o tecido
de asfalto e tumulto de carros
da Brasil. Desta vez em cinco
dançamos sentados. Nos dirigindo,
o suíngue. Acendem um cigarro.
São 10, ainda.
Reconheço e me cumprimentam
olhos, mãos, bocas e ouvidos
das antigas. E meus pés
cruzam tranqüilos a multidão.
Atrás de mais combustível, encontro
uma paixão do passado que beija
seu namoradinho. Uma cerveja.
6 cigarros.
Perfeito! A alquimia perfeita
o som e a celebração!
E todos esticam seus músculos
oculares. Dentro de mim todo o Delírio!
É preciso celebrar! E meus pés
desenham o caminho. E meus pés
percutem o chão. Marcam,
rítmicos, irônicos, elétricos,
congraçamentos. Danço,
Viver é o prazer supremo!
(e já são 4, os no maço).
A última boca que a minha
boca poderia seivar é ida.
Comigo só eu, e distante demais
pra tocar instantes mais sutis.
Risco de giz a pista vazia.
2 cigarros, só tenho mais outro,
e um insuportável bafo.
O último cigarro escorre-me dos dedos
para o bueiro. E o fecunda.
Nasce o Sol.
De volta à pacata vida,
compro um novo maço.
TRELLES © 2005-2007 André Telles do Rosário
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