apartamento902
!!! domicílio de poemas do TRELLES ¡¡¡
domingo, 22 de janeiro de 2006
Fragmento
Ver-te dormir
– a música na rádio
transluz memórias
De cada vez
que velei o sono
de alguém
que também me habitava
Agora
estou só
– é tão claro:
era sempre eu, sozinho,
encarando
a intrincada exuberância
de estar existindo
Orbital
Estrelas, planetas, satélites, suspensos, exatos de acaso. E meu coração, escuro com Lua, sem nuvens como a noite, vê. Através dos copos de carne e osso, nosso semblante. Fôssemos de escamas, água, minério novo ou outro qualquer material nunca concebido; existindo em qualquer outro ponto vivenciável do infinito; e nada mudaria. Atrás de nós todo o mistério nos vigia. Enquanto nos beijamos.
Comunidade do 305
Dalilouca, Caminhoneiro Cruz, Delegado Telles e Sil
24 de março de 2004
Comunidade do 305 pra acabar. Hoje é quarta. Até sábado estarei morando no Centro. Pela primeira vez, vou deixar de ser suburbano (pelo menos no endereço).
Rodrigo já se mudou, há uma semana. Daqui a pouco vou reconhecer firmas, ver as obras do novo apê, comprar coisas pra mudança.
Muita coisa acontecendo. Não escrevo há quanto tempo? Concentração.
Olha, quando eu me mudar, eu escrevo melhor.
1º de abril de 2004
Incrível, mas eu estou aqui. É noite, da janela de meu quarto vejo a antena da Transamérica. O visual do 902 é fantástico. Mudei-me no sábado passado, depois de passar a noite em claro, empacotando. Hoje, quinta-feira, veio Nailson fazer os acertos mais ‘pesados’, como colocar o armário da cozinha, os ganchos e as torneiras.
Amanhã devo comprar o que está faltando. A Gata está se acostumando. De início ficou tremendo de medo, escondida entre caixas e roupas.
Ainda vou escrever mais sobre a tumulto de sentimentos que foi a mudança, a Gata miando no táxi, o fim do 305 (fim de uma era), a balada de abertura do 902, etc.
Agora estou cansado.
Terminar a mudança e começar a mudança dentro de mim.
Setembro 2002
A câmera está on. Ler é a maior viagem. Eu me contradigo porque sou a única pessoa capaz de me contradizer. Alucinações. Sexta-feira, baladinhas e pá. Voltando a ter plano de vôo. A realidade interferiu na semiose dessa univocação comunicante – o telefone tocou novamente, fui atender e não era.
Cachaça é fundamental ter em casa. Falo isso sem nenhum veio nacionalista consciente. Assim como é muito bom ter whisky em casa, o foda é o preço.
A Bomba
Desconstruir linguagens e as identidades com elas.
Pulverizar as culturas até a arte em cada um.
Fundamental é mesmo amor que as linguagens e identidades continuem sendo testadas, destruídas, remontadas.
Nada pode ser mais urgente: a bomba precisa ser desativada.
Pra que as ondas de choque não impeçam o raciocínio humano
sobre si mesmo.
Pra que possamos entrar
finalmente
na Comunidade Intergalática.
E pra nada disso.
TRELLES © 2005-2007 André Telles do Rosário
outras páginas-casas que valem sua visita:
Pulverizar a Cultura até a Arte em cada um
Camiles
Garotas que dizem Ni - Fla Wonka
Instantemente
Interpoética
Lugares Comuns
Mercúrio e Luxúria
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Rizoma
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